News da prof. 007
Pensando pensamentos e analisando "causos" da cultura pop...
Mês passado eu passei bem rapidinho pelas suas caixas de e-mail, apenas para falar um pouco sobre meu novo livro, Quase Amores. Lancei um raio-x com vários detalhes sobre ele e de alguma forma, usar esse espaço também para falar sobre meus livros e o que acontece comigo no mundo literário, tem se tornado uma forma bem interessante de dar vazão à um tipo de conteúdo que eu sinto não se encaixar mais nas lógicas algorítmicas das redes sociais.
Sei lá, estou tão cansada de me sentir online o tempo todo. Na verdade, de sentir alguma obrigação de estar online o tempo todo. Essa lógica traz uma questão bastante complexa, que é ligada ao tempo destinado ao trabalho, refletido no sentimento de que, ao estar online, entrei nessa roda contínua de produção ininterrupta, apenas para não ser esquecida. Só que, qual o propósito verdadeiro disso?
Simplesmente não tem feito mais sentido para mim.
Você se sente assim também?
Por isso que tenho gostado cada vez mais de ter uma newsletter. Um espaço que quem está por aqui escolheu isso. Escolheu abrir esse e-mail e escolheu saber sobre essa mente inquieta e pesquisadora de cultura pop que habita em mim.
Bom, a news desse mês tem um pouco a ver com isso e, ao mesmo tempo, nada a ver. Então, não sei bem o que vai sair daqui.
Bora lá?
🫧 Furando a Bolha 🫧
Novela com cara de novela
Três Graças já chegou na telinha, dando close-up nas personagens, emplacando apelidos para personagens e vilões ruinzões, que parece ter trazido junto com tudo isso algo que a gente nem sabia que estava sentindo (tanta) falta: novela com cara de novela.
Pois é, depois de três remakes (Pantanal, Renascer e Vale Tudo), de uma novela que ficou completamente desgovernada do meio pro final (Mania de Você), a Rede Globo parece ter entendido que para fazer uma boa novela, não é preciso reinventar a roda, mas nos lembrar dos motivos pelos quais esse é o produto audiovisual mais brasileiro que há. E a promessa de Três Graças está sendo exatamente essa.
Primeiro, é legal eu te lembrar da news 002, em que troquei uma ideia com a Millena Ohana sobre Beleza Fatal. Nela, a gente conversou sobre formatos experimentais com a telenovela, misturando o que já fazemos classicamente com elementos mais contemporâneos, em especial usando o streaming como referência. Aí entram ingredientes como a linguagem seriada, construção de tensão mais acelerada e a existência de menos personagens do que os núcleos clássicos.
Mas isso não significa que é um caminho sem volta para a teledramaturgia. Penso que muito pelo contrário.
Olha só, num rápido mapeamento do cenário atual, temos várias coisas acontecendo ao mesmo tempo:
Revival de novela de época (Êta mundo melhor!), nos lembrando das coisas simples e boas da vida;
Novelão com texto impecável (Dona de Mim), falando sobre o cotidiano e direcionando para a grande população brasileira;
Lançamento de novela na vertical para competir diretamente com os microdramas (falei disso na news 004);
O Globoplay jogando-se de cabeça em produções originais para o público jovem (série Vermelho Sangue), assumindo outras formas de telenovela (com um amplo catálogo de obras mexicanas, turcas e sul coreanas), além de muitas experimentações estéticas de diversos formatos diferentes (Guerreiros do Sol e Pablo e Luisão, por exemplo).
Nesse sentido, não é fora da caixinha supor que as pessoas estão um pouco sobrecarregadas com tantas novidades e que talvez, trazer aquela carinha de novela clássica seja uma ótima alternativa para acalmar essa ansiedade e mostrar que a marca Globo ainda sabe fazer o que faz.
A novela clássica traz consigo esses amores arrebatadores, discussões sobre família em suas mais diversas camadas (como gravidez na adolescência, ausência paterna, complexos - de édipo e de elektra), vilões clássicos (e que não tentam ser complexos, apenas malvados) e heroínas que a gente sente necessidade de torcer. Torce, porque ela faz o que é certo, porque ela é justa, porque ela é trabalhadora e porque sentimos que queremos ser mais como ela. Talvez até ter a mesma sorte que ela de mudar de vida, de realizar um grande sonho, de encontrar a felicidade.
Com diversos títulos nas costas, como a versão original de Vale Tudo, Senhora do Destino e Tieta, Aguinaldo Silva tem feito em Três Graças o que ele sabe fazer muito bem, que é trazer pra gente a vibe do novelão. Da caricatura quando precisa, do tom de drama carregado, do zoom na cara dos personagens e da dramaturgia que nos lembra que: por mais próximo que seja da nossa própria vida, ainda é ficção e podemos desligar a TV quando o episódio acaba.
Arrisco dizer que era o que a gente precisava no horário nobre.
✨Assunto do mês ✨
2 “grandes” lançamentos…
Tenho certeza de que não fui a única que aguardou ansiosamente os novos álbuns de Taylor Swift e Demi Lovato.


The Life of a Showgirl e It’s not that deep foram apresentados para o mundo com diversas semelhanças entre si:
um álbum sobre a nova fase upbeat que as cantoras estão vivendo;
um álbum apaixonado, com músicas destinadas para os seus “conjes”;
um álbum que trazia de volta produtores que foram responsáveis por sonoridades marcantes nas carreiras delas. No caso de Taylor, o cara por trás de 1989 e no caso de Demi, quem produziu Cool for the summer.
Pois é, muitas familiaridades e mais uma: os álbuns não foram páreo para o hype que criaram.
TLSG e INTD não sobreviveram a algo que é extremamente sintomático e potente contemporaneamente: a efemeridade da novidade. No mesmo momento em que chega, já é antigo, já acabou, já ficou obsoleto. E mesmo que tenha coreografia, um refrão chiclete repetido 100x, um milhão de variações de capas e uma narrativa meio fofoca por trás, assim como chega como uma onda, logo vira marola e só deixa aquelas ondinhas para trás.
Sim, nenhum desses álbuns vai ser visto como as melhores obras dessas cantoras. E talvez seja unicamente porque não aceitamos o “medíocre” de mulheres (afinal, ninguém tá falando em como Play, de Ed Sheeran é mediano, mas todo mundo foi bem vocal sobre como TLSG não entregou). Mas também tem a ver, na minha visão, sobre como artistas são cobrados a estarem presentes, a se fazerem ser lembrados.
Nem bem a dona TS terminou sua The Eras Tour, mas já anunciou álbum novo, documentário no Disney+ e noivado. O mesmo com Demi, que apareceu cantando com os Jonas Brothers as músicas de Camp Rock, anunciou a produção executiva de um novo filme dessa franquia, se casou e pah: álbum.
De algum modo, essa corrida contra o esquecimento também é algo sintomático para nós, millenials. A gente não suporta a ideia de sair de cena e simplesmente: pausar. A pausa pra gente, parece estar conectada a falha, a sumir, a não sermos resistentes o suficiente. E é muito doido pensar que isso se reflete num cansaço crônico, que a gente não consegue curar.
É…se nada ficar de The life of a showgirl e It’s not that deep, talvez fique o quanto estamos simplesmente viciadas na superficialidade de aparecer, fazendo nosso show, só para não sermos esquecidos, porque amamos o espetáculo…
O que você acha sobre isso?
📚A Prof. Escritora📚
Novidades sobre a minha vida entre páginas, personagens e eventos literários
Eu tenho um novo amor: A Bienal de Pernambuco.
Sério!
O evento, que aconteceu entre os dias 03 e 12 de outubro desse ano me trouxe muito mais do que eu poderia prever, em especial a forma como as pessoas me abraçaram e receberam Quase Amores. Poxa, foi realmente lindo em todas as suas formas, abraços, risadas e confiança na história que eu estava vendendo ali.
Deixo aqui alguns registros desses dias que eu passei tão bem acompanhada:




Obrigada a cada pessoa linda que passou pelo estande da Cabana Vermelha e que me deu um abraço, comprou o livro, ou mesmo me ouviu falar sobre essa história tão importante para mim. Como nortista, me senti em casa e em 2027 estarei aí novamente!
Noutra esfera, já estou preparando o meu próximo lançamento (sim, a gata não para! Leia o Assunto do Mês pra entender melhor). Anota na sua agenda, antes de todo mundo, pois será no dia 27 de janeiro de 2026. O Sol e o Dragão vem aí!
🫶🏻Indicações da Prof.🫶🏻
Sua lista mensal de conteúdos incríveis que podem nutrir sua mente e seu coração!
Série: O verão que mudou a minha vida
Pois é, me rendi à história de Belly, Jeremiah, Conrad, Steve e Taylor. Me rendi e me senti muito feliz com essa decisão. Acontece que fazia um bom tempo que eu não via uma história de amadurecimento (as famosas coming of age) em que eu me identificasse e gostasse tanto de acompanhar. Em especial como cada personagem cresce e se torna incrível por seus aprendizados. Com doses ótimas de drama e comédia, a história dessa turma nos envolve naquilo que é mais precioso em cada um de nós: a percepção da nossa singularidade e de como nossas histórias estão diretamente ligadas às pessoas que fazem parte das nossas vidas. Amei demais!
Perfil: Nozy Content Agency
Uma produtora de conteúdo sobre cultura, entretenimento e muito molho! É assim que eu descrevo essa indicação e reforço a importância de encontrarmos perfis nas mídias sociais que tenham o que dizer e que nos ensinem alguma coisa. Além de estarem nos @ da vida, eles têm uma newsletter simplesmente maravilhosa. Inscreva-se aqui e se deixe apaixonar também!
Podcast: França e o Labirinto
Essa indicação é tanto um pedido velado pela segunda temporada dessa audiosserie, quanto um pedido que você se deixe envolver por uma narrativa que não é imagética (só para variar). França e o Labirinto é uma história de suspense policial, em que acompanhamos o detetive cego Nelson França (Selton Mello) investigando um serial killer. É sensacional, ah e ouça de fones, viu?!





